VIVA COM AMOR

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sábado, 25 de outubro de 2008

Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.148 p.



“Não há docência sem discência”.
Falando da prática educativa o autor a partir deste primeiro capítulo e por todo o livro, fala sobre a base para ele fundamental da prática do educador em relação com o educando, não uma relação professor/aluno, ele mergulha na profundidade de níveis de compromissos exigidos nesta relação, busca qualificar esse compromisso através da compreensão de uma prática de relações.
O autor trata dessa relação como escolha autônoma do educador/educando, no entanto com responsabilidades distintas. Compreende sua dimensão humana sujeita as pressões do corre-corre do dia a dia que ao passo que explica não pode justificar uma prática descompromissada com a opção feita. E assim segue os outros capítulos.
Paulo Freire nos leva a ver que criticizar-se, é algo que parte da curiosidade ingênua que, está associada ao saber do senso comum, e se constrói na aproximação de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objetivo cognoscível, se tornando curiosidade epistemológica; mais ainda quando esta curiosidade dirige-se para saberes comuns ao cotidiano do educando, que no aprofundamento destes saberes se redescobre frente à realidade que o cerca. Freire afirma que quanto mais se exerce a capacidade de aprender constrói-se mais desenvolvendo o que chama de curiosidade epistemológica, e vantagem do ser humano ter se tornado capazes de ir além, independente da prática utilizada. Faz-se necessária a existência de educadores e educandos criadores, instigadores, curiosos humildes, persistentes transformadores, realizador de sonhos, capaz de ter raiva e também capaz de amar. O Texto mais que orientações, são expressão da paixão do autor pelo processo de diário de aprender e ensinar. Paixão essa expressada em cada linha, por alguém que acredita que não existe educação sem relacionamento; não existe relacionamento sem respeito ao outro; não existe respeito sem confiança e nem confiança sem compromisso. E este compromisso para Paulo Freire não é nada mais que o amor, e com esperança fala que nós podemos ser sempre mais e melhor, é dever daqueles que tem a responsabilidade de ensinar tentar compreender através dos olhos do educando, para que juntos tornem-se mais humanos.
Capitulo 1
Relacionamento é a palavra chave para a compreensão do primeiro capitulo. O relacionamento é fundamental na construção do ato de aprender e ensinar, educador/educando, o qual baseia este relacionamento sobre o compromisso ético de superação e construção de autonomia. O autor ao afirmar que “não existe docência sem discência”; responsabilidade mútua, apontando com essencial cuidado o papel significativo de cada educador; busca alertar para as exigências para a prática do educador. Para o autor, ensinar exige rigorosidade metódica, traduzida aqui pelo processo de aprendizagem. Apontando para a necessidade de criticização da relação e compromisso do educado e do educando. Afirma que ensinar exige pesquisa, e pesquisar aquilo que se ensina, é comprometer-se com a qualificação do conteúdo ensinado e respeito às condições do educando.
Para Freire, colocar no centro do processo de aprendizagem o educando, é colocar ali também os seus saberes; possibilitando a ele perceber-se como peça chave deste relacionamento. O autor fala da importância do pensar certo, algo que demanda profundidade e não superficialidade na compreensão dos fatos. Supõe a disponibilidade à revisão dos achados, reconhece não apenas a possibilidade de mudar, de apreciar, o direito de fazê-lo.
O Autor afirma que ensinar exige o encontro das palavras através do exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a discriminação, sobre uma constante reflexão crítica desta prática com o reconhecimento e a elevação da identidade cultural dos indivíduos. Assim, transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico, é desvalorizar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo; o seu caráter formador. Exige-nos estética e ética; a busca de uma crítica permanente aos desvios fáceis com que somos tentados, às vezes ou quase sempre, a deixar nos levar pelas dificuldades que os caminhos do processo educativo podem nos apresentar.
Capitulo 2
Já no segundo capítulo o autor observa a construção ética deste relacionamento. Volta-se completamente para o ato em si do educador que é possibilitar ao educando condições de construção de conhecimento de forma crítica, como afirma, “ensinar não é transferir conhecimento”. Paulo Freire dimensiona eticamente o papel do educador, reconstrói conceitos e localiza sua ação na perspectiva da opção; ainda que esta opção não corresponda com a mudança. Ser ético é assumir-se e possibilitar ao ser humano condições para também assumir-se diante do mundo. Neste sentido ele volta à questão do pensar certo como uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de assumir dos outros e com os outros, em face ao mundo e dos fatos, evitando assim os simplismos, as facilidades e as incoerências grosseiras. Paulo retoma também a questão do ser humano ou seu inacabamento, afirmando que esta condição é própria da experiência de vida cada um, tudo que é vivo é por natureza inacabada. Para ele todas as mulheres e homens são seres éticos, capazes de intervir no mundo, de comparar, de ajuizar, de decidir, de escolher, capazes de grandes ações e, também capazes de exemplos de indignidade.
O reconhecer-se inacabado, imperfeito e histórico para Freire, é condição para se problematizar-se e problematizar o mundo que nos condiciona, nos possibilitando acreditar que somos capazes de ir além da realidade do mundo que nos cerca. Paulo Freire, como professor para mim consegue enquanto fala levar o aluno para a intimidade do seu pensamento. A aula de vê ser um desafio, perguntar, conhecer e reconhecer-se e melhor, satisfazer-se com tudo aquilo que faz que vê e ouve. Capitulo 3
Paulo Freire trata durante todo o livro do processo educativo como algo por natureza ligada ao ser humano; é neste capítulo que ele busca aprofundar e contextualizar o que isso de fato implica frente a relação entre educador/educando, e como se constrói estas relações de especificidade humana dentro de uma perspectiva de ética e comprometimento.
Afirma que a autoridade é a segurança que se expressamos, na firmeza com que decidimos, respeitando as liberdades, discutindo suas próprias posições e que aceita analisar-se.
Esta autoridade desafia a todo instante a liberdade, no sentido de expandi-la, de provocativamente fazer com que ela, a liberdade, questione o papel da autoridade
Como educador Paulo afirma que tanto lida com sua liberdade quanto com sua autoridade em exercício, mas também com a liberdade dos educandos, a quem deve respeitar, com a sua autonomia, bem como com a construção da autoridade dos educandos.
A autoridade/liberdade para autor está diretamente ligada a como o educador se coloca diante dos educandos, como constrói para eles seus compromissos. Sabe-se que não passa despercebida pelos alunos, e que a maneira como o percebem o ajuda ou não no cumprimento de sua tarefa, aumenta assim seus cuidados com seu desempenho. Sendo sua opção democrática, progressista, não pode ser contrária a liberdade ou autoritária. Quanto mais criticamente a liberdade assume o limite necessário, tanto mais autoridade ela tem, eticamente falando, para falar em seu próprio nome.
Toda esta discussão e fundamental para o autor no sentido que ensinar é próprio do ser humano. E como humano que somos, corremos conseqüentemente o risco de aumento de nossas responsabilidades e compromisso de educador.
Para Paulo Freire, o bom professor, conhecedor de sua autoridade democrática, mostra aos educandos suas opções e compromissos, não as impõe, e ressalta o questionamento como momento essencial para a reflexão e exercício da liberdade do educando. Sua aula é um desafio.
O importante que antes de qualquer discussão de técnicas, materiais, de métodos para uma aula dinâmica, são indispensáveis para que o professor se encontre consciente no saber de que é fundamental a curiosidade do ser humano. É ela que faz perguntar, conhecer, atuar. Reconhecer a humanidade é perceber que humano que somos, podemos construir relações reconhecendo o direito de cada um. A raiz mais profunda na educação do ser humano, é baseada na sua natureza inacabada e consciente
Por fim Freire diz que “se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo negar de outro o direito de sonhar’.
É esta percepção do homem e da mulher como seres programados, mas para aprender, para ensinar, conhecer, intervir, que faz entender a prática educativa como um exercício constante em favor do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos.
Conclusão:
Paulo Freire descreve que alguns educadores que se acham acima do saber, ou melhor, que não tem nele objetivo de troca entre iguais, mas considera apenas informação de repasse mecânico. Esta reflexão me fez entender a profundidade de suas palavras, provocativas e instigantes. Ler o livro com este olhar novo me envolveu me identifiquei ainda mais com processo educativo que ocorre o tempo todo, nas mais diferentes relações sociais, familiares, em atividades recreativas, religiosas, esportivas, etc.. Uma imensa responsabilidade, com os papéis sociais que assumimos, enquanto educando, aluno, professor, cheios de possibilidades e opções. Tentar comentar a paixão do autor foi ainda mais difícil que eu imaginava, e reduzi-lo as poucas páginas em que este trabalho se tornou para minha primeira resenha foi complicado. Freire fala com graça e leveza, usa palavras muitas vezes simples entre termos desconhecidos e com facilidade. Comentar de forma justa seus argumentos e idéias foi o que pretendi.
Ensinar é próprio do ser humano, pois foi o que de fato encontrei no livro, alguém que sabendo o que diz e faz, o faz de forma simples e apaixonada, ao passo que em sua humildade reconhecendo-se como um ser em construção.

2 comentários:

  1. Muito legal o seu blogger, passei a seguir, deixo o meu endereço do meu blogger, sou Assistente Social http://vilmarcubas.blogspot.com/
    faço o convite a me seguir também.
    obrigado, fique com Deus.

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  2. Parabéns pelo blog, vamos continuar lutando por uma pedagia libertária.

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