VIVA COM AMOR

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sábado, 30 de janeiro de 2010

Educação-Limites-Família-Escola


Armando Correa de Siqueira Neto
Psicólogo e desenvolve trabalhos e palestras com Psicologia Preventiva e eventos educacionais.

A coisa mais difícil que existe nesta vida é educar um ser humano, pois que demanda a nossa atenção por um tempo, que deixamos de perceber porque até o último momento podemos receber educação.
Alguns fatores apontam as causas da falta de limites na educação das crianças de um modo geral, destacando os valores morais que sumiram do nosso cenário, haja vista o enorme número de casos de corrupção ininterrupta; na política, empresas, igrejas, etc, apresentados na mídia, onde, dificilmente a lei consegue ser cumprida, ademais, instaurou-se na cultura a idéia de que ser esperto é a grande jogada, o contrário; uma tremenda burrice, então, por qual razão seguir regras?
Outro ponto importante vem a ser a ausência dos pais na vida da criança, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixando a convivência educacional aos cuidados da escola, desde os primeiros momentos, nas creches e nas instituições educacionais, do governo ou particulares. Esta necessidade familiar gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar tais circunstâncias, acabam sendo permissivos em demasia com os seus filhos, impedindo, por conseguinte, momentos de se educar e proporcionar os valores que devem ser seguidos; derivados dos próprios valores existentes nos pais e na constituição da personalidade da criança. Contudo, abre-se nova polêmica neste rastro de educação sem limites, ao lembrarmos que muitos pais com filhos hoje adolescentes e outros adultos vêm de uma geração na qual pregou por muitos anos a idéia de que a liberdade total era a melhor saída, contrapondo à idéia de repressão sócio-histórica vivida por eles em sua juventude, o que acarretou em juízo de valores distorcido, vindo de um radicalismo social para outro, sem fazer “escola” desta forma de se educar. Não houve ponderação e conseqüentemente faltou um plano mediano que fosse sendo ajustado à medida que as demandas surgissem. Simplesmente foi-se estabelecendo este modelo de educação até o momento em que se evidenciaram os desastrosos resultados.
Outra condição a ser pensada é o exagero que os pais têm com relação aos traumas que poderão causar, caso venham a ser mais enérgicos na educação dos seus filhos. Usar o bom senso e algumas regras para estabelecer limites na educação infantil não arranca pedaço de ninguém. Faz-se necessária a consciência de que para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança e paciência; muita paciência.
Nas escolas a relação entre o aluno e o professor chegou a uma condição muito favorável, quando entendemos que a participação do aluno está maior, diferentemente de outras épocas onde o papel se restringia apenas a ouvir e guardar as informações que chegavam.
A criança de hoje está mais bem estimulada e responde com maior agilidade ao meio, o que lhe confere a boa posição de ser participante nos grupos sociais; casa e escola especialmente. Todavia, dada a falta de condução por conta da educação sem limites, a criança acaba se tornando um canhão sem direção, que atira para vários lados ao acaso a acerta em quem estiver na trajetória, e a si mesma invariavelmente.
Para ilustrar este contexto da educação sem limites, relatarei uma cena que vi na sala de diretoria de uma escola do governo. De um lado encontrava-se a vice-diretora desta instituição, a qual descrevia o descaso de um aluno com relação aos estudos, seu comportamento rebelde e desrespeitador mediante as regras daquela escola, exaltando o fato de que este menino, de aproximadamente onze anos, já havia “bombado” em ano anterior e que em seu boletim constavam muitas faltas. De outro lado, a mãe, estupefata com aquelas faltas, tentando compreender aquele furacão que se lhe apresentava. Ao lado da mãe que estava sentada, encontrava-se sua filha menor, à frente do referido estudante, e ao lado dele outra irmã, presumivelmente mais velha. O quadro estava formado; o garoto permaneceu imóvel entre as pessoas de sua família e apenas comentou em tom humilde que a direção da escola lhe perseguia há muito tempo e que ele era bonzinho. Apesar da postura de cobrança por parte da diretoria da escola, é quase impossível obter do aluno um comportamento adequado, uma vez que lhe falta o direcionamento educacional, sutilmente revelado pela mãe quando alegou não ter tempo de poder criar o próprio filho, permanecendo ausente em virtude do trabalho.
Tal situação é comum e é clara quanto às dificuldades existentes para todas as partes: do aluno que precisa e não tem a educação fundamental de ser acompanhado em casa por seus responsáveis; dos pais, que não têm tempo e sentem a dificuldade se ampliar conforme o tempo passa, desestimulando cada vez mais, ter que mexer com esta situação, e, para a escola, que acaba arcando com tal responsabilidade, sem ter estrutura para isso. A situação destas várias crianças e de suas famílias é caótica, não existindo meio termo para classificar o que se passa nesta inversão de valores, onde inexiste a educação pautada em acompanhamento e com limites. Muitos pais crêem que o tempo dará jeito na questão, deixando à sorte o futuro de seus filhos.
O exercício do viver só é realizável vivendo, na prática, e o mesmo ocorre com a educação, portando, é preciso arregaçar as mangas e assumir o papel de orientador, de guia, de educador. Começar, antes tarde do que nunca a se envolver neste processo importante e determinador da vida do ser humano, cavando tempo e espaço para esta empreitada. Sempre que desejamos muito alguma coisa damos um jeito no tempo e espaço para alcançá-la. O que nos impede de lutar por esta causa mais do que nobre? Qual medo existe em tentar educar os próprios filhos?
Como em qualquer situação da vida, haverá tropeços, que darão lugar ao adequado proceder conforme a prática e a persistência desta convivência. Os rumos poderão ser diferentes, e certamente o serão. Outros benefícios virão naturalmente, como um maior sentimento de amor próprio, e em muitos casos, a unidade familiar. Mas é preciso começar, tentar, fazendo acontecer. Confie em si mesmo e mude o cenário, assumindo as responsabilidades e transmitindo muitos valores aos seus filhos, por via de uma educação que dá segurança e conforto, pois todos nós sempre desejamos isto.

À Conversa com os Pais-Psicologia Educacional e Psicoterapia




O que uma criança pensa de si própria depende, em grande medida, do que as restantes - que são o seu espelho - pensam dela. Assim, se o reflexo que recebe é negativo, terá uma imagem negativa de si própria. No sentido inverso, se os reflexos que recebe são positivos, a sua autoestima será alta.

É importante ensinar à criança que ela pode fazer algumas coisas bem, e que pode ter problemas com outras coisas. E que esperamos que faça o melhor que puder.
É uma boa ajuda admitirmos os nossos próprios erros ou fracassos. Ela precisa saber que também nós não somos perfeitos: "Sinto muito. Não devia ter gritado. Fiquei o dia todo chateado."
Para ajudá-la a criar bons sentimentos é importante elogiá-la e incentivá-la quando procura fazer alguma coisa, fazendo-a perceber que tem direito de sentir que é "importante", que "pode aprender", que "consegue" e que o adulto a respeita e deseja o melhor para si. O cuidado reside em adequar as tarefas que cabem a cada idade e permitir que ela tente, enfim, solicitar a ajuda da criança, partilhando com ela pequenas tarefas. Pode-se até aplaudir as suas conquistas.
Assim, deve-se procurar estabelecer metas realistas e adequadas à idade da criança. Dar oportunidade de desenvolver-se sem super protegê-la ou sem pressioná-la.
Os monitores podem promover a interação social nas salas e fomentar o questionar e o exame de qualquer problema que seja levantado pela criança. Existe valor intelectual em trabalhar com os interesses intelectuais espontâneos da criança e, para o desenvolvimento moral dela, é igualmente valioso lidar com as questões morais espontâneas.
É possível envolver a criança em discussões de problemas morais. À medida que ela ouve os argumentos de seus colegas pode experimentar um desequilíbrio cognitivo, que pode conduzir à reorganização dos seus conceitos. O conflito cognitivo é necessário para a reestruturação do raciocínio e para o desenvolvimento mental.
Do mesmo modo, é preciso evitar as "típicas" etiquetas e rótulos que se costumam dar às crianças, sobretudo porque são muito difíceis de retirar. Se desde que começa a entender as coisas - muito antes do que se costuma pensar - a criança se identifica com certos apelidos como burro, preguiçoso, etc., irá crescer acreditando que é assim.

LEMBRE-SE QUE...
1 - Mesmo que tenha pouco tempo, quando estiver a ouvir, escute mesmo.
2 - Deixe-as expressar sentimentos, mesmo negativos. Evite o discurso: "Não se chora", "Isso não é nada", "Tem coragem".
3 - Quando apropriado, deixe que elas tomem as próprias decisões.
4 - Trate-as com cortesia. Respeite os seus espaços e limites, diga-lhes se faz favor e obrigado.
5 - Procure encorajá-las e dar afeto, mas de forma justa e coerente. Falsos louvores só levam a uma falsa percepção das capacidades. Valorize mais o esforço que fazem do que o rendimento que obtêm.
6 - Procurar empatia com as crianças. Quanto melhor as entendermos, menos paciência será necessária para lidar com elas, pois estaremos a perceber o seu ponto de vista. Ajude-as a desenvolver a empatia levando-as a partilhar sentimentos, bons e maus. Procure perguntar como se sente e se ela entende como os outros se sentem.
7 - Evite expressões como: "Tu deves, porque eu quero, não há discussão, vai imediatamente, cala-te." Ninguém gosta de ser mandado, independentemente da idade.
8 - Partilhe com ela aquilo que você gosta, valoriza e ama.
9 - Seja entusiasta; positivo e alegre. Ensine-as que é bom exprimir os nossos sentimentos, que não faz mal estar nervoso ou zangado. O que se faz com essas emoções é que convém controlar, para não provocar sofrimento nos outros.
10 - Quando as crianças chegam da escola, e lhes perguntamos como correu o dia, tendem a responder com algum episódio negativo. Experimente perguntar-lhe: "Fala-me das coisas mais giras das aulas."
11 - Fugir do elogio mecânico é fundamental. É sempre bom interessar-se pelos pequenos êxitos e perder alguns minutos a elogiar as primeiras tentativas no "caminho certo".
12 - É necessário vigiar o nosso cansaço, condição muitas vezes favorável para que deixemos escapar alguma crítica menos indicada.
13 - Tentar manter o respeito pela personalidade da criança, e avaliar periodicamente se as expectativas depositadas nela são justas, razoáveis e equilibradas. Será de grande ajuda.
14 - Deve-se evitar o excesso de proteção sobre a criança.
15 - Pode-se pedir a sua opinião em temas diários de pouca importância, como onde ir passear, que atividade realizar, etc. Tal faz a criança sentir-se importante, auto-valorizar-se e respeitar-se a si própria.
16 - Nunca se devem recorrer às comparações para repreender ou fazer a criança ver como se deve comportar. Não é bom para nenhuma das duas crianças, e há sempre alguma que perde com a situação.
17 - Propor-se a meta de elogiar cada dia, ao menos uma coisa bem feita de cada criança, oportunamente e com naturalidade.

A realização deste blogue parte do desejo de alargar o leque de intervenientes das sessões de Aconselhamento Parental e Encontros de Pais dinamizadas pelo Psicólogo Bruno Pereira Gomes.

Ao longo da sua publicação, existirá o cuidado de procurar abordar assuntos que causam dúvidas e ansiedade aos pais e/ou educadores para, além de se realizar um prático apanhado teórico, oferecer sugestões para que possam descobrir soluções para algumas das dificuldades parentais que se lhes deparam no quotidiano.

Os conselhos e abordagens teóricas dadas pelo autor deverão ser sempre utilizados e interpretados no contexto específico e características de cada família e dos membros que a compõem.
Psicólogo Bruno Pereira Gomes
Responsável pelo Gabinete de Psicologia do Instituto Português de Pedagogia Infantil; Licenciado em Psicologia da Educação e Orientação Vocacional; Especialização em Psicoterapia da Criança e do Adolescente.
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